Jacques DeMolay, último Grão-Mestre da ordem dos Cavaleiros do Templo
nasceu no Condado da Borgonha no ano de 1244 cuja família pertencia a pequena
nobreza francesa do século XIII.
Em 1265, aos 21 anos, como muitos filhos da
nobreza européia, DeMolay entrou para a Ordem dos Cavaleiros Templários,
organização sancionada pela Igreja Católica Apostólica Romana para proteger e
guardar as estradas entre Jerusalém e Acre, sendo a última, à época, um
importante porto no mar Mediterrâneo. A Ordem dos Cavaleiros Templários
participou das Cruzadas, e conquistou um nome de valor e heroísmo.
Jacques DeMolay era um homem de ação.
Participou de lutas na Palestina e organizou uma operação militar contra os
muçulmanos do Egito.
A ordem foi fundada em 12 de junho
de 1118 em Jerusalém por Hugo de Payens, Cavaleiro de Burgúndia e Godofredo de
Sain t' Omer.
A Ordem dos Templários participou das cruzadas e ganhou reconhecimento
pelo seu valor e heroísmo, e a mercê dos bens tomados dos seus inimigos
vencidos, ou doados à ordem. Chegaram a ser grandes financeiros e banqueiros
internacionais, os soberanos da Europa necessitados de dinheiro passaram a
invejar sua riqueza.
A ordem foi um dos repositórios de
sabedoria oculta na Europa durante os séculos XII e XIII, porém seus segredos
só eram transmitidos a alguns membros em sessão religiosa sob estrito sigilo. Em 1298, Jacques DeMolay foi nomeado grão
mestre, uma posição de grande prestígio.
Como grão mestre, Jacques Demolay, entretanto, estava numa posição
difícil. As cruzadas não estavam atingindo seus objetivos. Os sarracenos
derrotaram os cruzados em batalhas e capturaram muitas cidades.
Em vez de apoio público, os Templários atraíram atenção dos lados
poderosos que estariam interessados em obter poder e riqueza, mas ninguém
poderia prever o seu fim brusco e trágico. Conservando-se ainda poderosamente
rica, credora do Papa e da corte da França, suas posses passaram a ser
avidamente cobiçadas.
Filipe,
o Belo, rei da França, um verdadeiro estadista, frio, de muita visão, logo
percebeu que as duas Ordens, a dos Templários e a dos Hospitalários,
representavam o maior exército da Cristandade. Este poderio, associadas à outra
qualidade invejada por Filipe era a sua fortuna incalculável. Filipe propôs ao
papa que as Ordens dos Templários e dos Hospitalários se unissem numa só.
Insinuou que ele próprio poderia ser o Grão-Mestre da nova Ordem ou um outro
Grão-Mestre, desde que indicado por ele.
DeMolay,
em resposta, disse: "Não".
O
ódio de Filipe pelos Templários não se manifestou de início. As atitudes foram
discretas. Começou com a remoção do Tesouro Real do Templo. Continuou com uma
campanha surda, insidiosa e venenosa contra os Templários.
Abertamente,
perante todos, Filipe continuou a prestigiar a Ordem em geral e a DeMolay em
particular, convidou-o até a ser padrinho de sua filha Isabel.
Propôs
ao Grão-Mestre a abertura de um inquérito, com a finalidade de "Restaurar
a honra e o interesse da Ordem". Ingenuamente, DeMolay aceitou a
idéia.
Em
1305, Filipe o Belo, rei da França tentou obter controle dos Templários, mas
não obteve sucesso. O ano de 1307 foi o começo das perseguições aos cavaleiros
Templários. A Europa já contava com cerca de 704 Conventos e Comendadorias. No
dia 12 de outubro de 1307, quinta feira, o 23° Grão Mestre dos Templários,
Jacques DeMolay estava assistindo aos funerais de uma princesa da casa real da
França, estava ele um pouco nervoso, pois corriam boatos sobre os desígnios do
rei da França, Felipe,o Belo. No ano precedente, o rei Felipe IV, tinha
solenemente recebido os esquadrões da Ordem que o visitaram na França, onde no
centro de Paris, possuíam o famoso castelo do templo, sede geral da Ordem. Porém o Grão Mestre nesta viagem tinha cometido o erro de comparecer perante o
rei com uma escolta de sessenta Templários pertencentes à alta nobreza e
ostentando o enorme tesouro que tinha trazido da Palestina para ser guardado no
templo. Filipe verificara que os TEMPLÁRIOS, representavam uma força
verdadeira. Um Estado poderoso dentro da França. Jacques DeMolay recusava-se a
acreditar que o rei fosse seu inimigo e ainda o defendeu perante todos os
Templários desconfiados, declarando que “tinha certeza da lisura do rei”.
Assim após o funeral, o Grão Mestre tinha
se retirado na " Ville Neuve du Temple" que era a sede européia da
Ordem, respirando um pouco mais aliviado na sua fortaleza. No fim da tarde,
todos os oficiais espalhados pelo reino e que representavam o poder do rei da
França, estavam abrindo uma carta levando o selo do real e contendo instruções
secretas e trágicas. Estas cartas estavam sendo lidas no mesmo momento em todos
os municípios e cidades da França, nesta noite terrível de 12 para 13 de
outubro de 1307. Ao ler o conteúdo da mensagem, os oficiais reais ficaram
cheios de medo, pois se tratava de
prender o Grão Mestre e seus Templários, que eram hóspedes de honra do
rei da França, e isto com a autorização do Papa. Como o Papa Clemente V devia
sua posição em Avinhão (cidade do sul
da França que durante vários anos foi a residência
dos Papas da Igreja Católica)
às intrigas do rei, foi fácil a sua aquiescência. Essa macabra tarefa foi muito
ajudada pelo ex-cavaleiro Esquieu de Floyran, o qual, pessoalmente interessado
na desmoralização da ordem, contra ela levantou as mais duvidosas acusações.
Essas acusações foram sofregamente aceitas por Felipe IV, que numa sexta-feira,
13 de outubro de 1307, mandou prender todos os Templários da França e o seu
Grão Mestre, Jacques DeMolay, os quais submetidos a inquisição, foram por esta
acusados de hereges.
Os sinos da igreja
batiam às três horas da manhã, quando, em todo o território francês as casas do
templo estavam a ponto de serem invadidas soez e covardemente. Em Paris, foi pessoalmente o
guardião do selo do rei, Guilherme de Nogaret que quis liderar a infame
expedição contra o próprio Grão Mestre. Todos os Templários que acompanhavam o
Grão Mestre, bem assim, como os outros espalhados nos Conventos e Comendadorias
foram postos nas prisões do estado, onde executando-se ordens pessoais do rei,
deviam imediatamente ser interrogados pelos comissários da Inquisição para
confessarem "suas culpas" devendo ser empregado a tortura. Entre as
acusações mais sérias que instruíram o processo contra os Cavaleiros
Templários, figuravam as de apostasia da fé, idolatria e heresia, além dos
pecados contra a natureza.
O Pergaminho de Chinon atesta que o Papa
Clemente V esteve para absolver os templários das acusações de heresia,
evidenciando, assim, que a queda histórica da Ordem deu-se por causa da perda
dessa sua vontade e de razões de oportunismo político que a ultrapassaram.
Jacques DeMolay foi encarcerado
na grande torre do palácio do Templo.
O detalhe da crueldade
é que foi DeMolay quem mandou reformar a Torre do Templo, agora transformada em
cárcere.
Durante
os anos que ficou encarcerado, DeMolay foi continuamente torturado. Para forçar
a "confissão", um peso de oitenta libras (61 kg) foi amarrado ao pé
direito e DeMolay era içado até o forro. Guilherme de Nogaret exigia sua confissão.
Desta forma, DeMolay, já idoso, teve seu corpo desconjuntado.
DeMolay e os outros Templários passaram os anos
no calabouço como "culpados". Assim,
tinham direito a uma indenização de 12 "deniers" por dia, o que, na
realidade representava outra forma de tortura. Um pouco de alimento custava 40
"deniers". O que constata que os Templários se alimentavam um dia em
dois. A penúria continuava: a palha, que ele usava para dormir também era paga,
de modo que DeMolay dormia na pedra nua, sobre suas próprias imundícies.
A
"confissão" só foi obtida após sete anos de torturas contínuas e sem
descanso. O desespero havia tomado conta de sua alma. A falta de notícias, o
desconhecimento do que havia acontecido a seus companheiros, a perda da noção
do tempo o havia feito perder o sentido nas coisas. E DeMolay finalmente
confessou que os Templários davam-se à sodomia, que para entrar na Ordem
devia-se escarrar na cruz, que adoravam um ídolo com a cabeça de um gato, que
se entregavam à magia, à feitiçaria e ao culto do diabo e, finalmente, que
desviavam os fundos que eram depositados no Templo. Foi uma
"confissão" obtida após sete anos das mais terríveis torturas,
aplicadas a um ancião que nunca mais tinha visto ninguém, a não ser os
carcereiros e os inquisidores.
Depois
de torturas, confissões e execuções, Clemente V oficialmente aboliu a Ordem dos
Cavaleiros Templários no dia 22 de março de 1312.
-O julgamento
Após a "confissão", DeMolay
foi levado a julgamento. Três outros dignitários da Ordem foram levados em
conjunto: o visitador-geral, o Preceptor de Normandia e o Comendador da
Aquitânia. O Preceptor de Normandia, Godofredo de Charnay, foi o primeiro a
reconhecer e abraçar o Grão-Mestre.
Os quatro acusados foram conduzidos acorrentados
numa carroça aberta. Ouviram gritos de acusações: "A morte!",
"Ladrões!", "Idólatras!". Outros comentavam: "Já não
estão tão orgulhosos". Entretanto, grande parte da população assistia em
silêncio.
No julgamento, os quatro acusados, ouviram as
falsas acusações. Reanimado pelo reencontro com seus companheiros, DeMolay
repete após cada acusação: "mentira... mentira... mentira..."
"Protesto! Protesto contra uma sentença
iníqua e afirmo que todos os crimes que nos acusam são inventados!"
Filipe, informado da situação que se afigurava
grave, convocou o Conselho Real. Este, em Seção marcada pelos desencontros de
opiniões, não chegou a nenhuma conclusão. DeMolay havia lutado pelos direitos
de Carlos de Valois no Oriente Próximo, e este era um dos pares do reino, que o
defendeu ardorosamente. O rei, em vista da indecisão dos conselheiros, avocou
para si a decisão e sentencia: "Jacques
DeMolay e Godofredo de Charnay serão queimados esta noite!".
-A morte e a maldição
Quando os sinos da Catedral de Notre Dame tocavam ao
anoitecer do dia 18 de março de 1314, Jacques DeMolay e seu companheiro foram
queimados vivos no pelourinho, numa pequena ilha do Rio Sena.
Envolto pela chamas, Jacques DeMolay
brada a plenos pulmões:
"Vergonha!
Vergonha! Vós estais vendo morrerem inocentes!"
"Papa
Clemente... Cavaleiro Guilherme de Nogaret... Rei Filipe: antes de um ano eu
vos intimo a comparecer diante do tribunal de Deus, para ali receberdes o justo
castigo. Malditos! Malditos! Todos malditos até a décima terceira geração de
vossas raças!".
Um fato impressionante foi que todas as maldições de
DeMolay se cumpriram. Todos morreram em menos de um ano. Primeiro o Papa Clemente,
depois Filipe, o Belo, e finalmente Nogaret. A dinastia de Filipe, o Belo, que
há quase 3 séculos dirigia a França, perdeu o prestígio. Os sucessores do rei
foram todos fracos, conduziram a França na guerra com a Inglaterra que duraram
cem anos, e finalmente extinguiram a dinastia dos Capetos, passando o poder à
dinastia dos Valois.
Apesar
do corpo de DeMolay ter perecido naquele dia, o espírito e as virtudes desse
homem, para quem a Ordem DeMolay foi denominada, viverão para sempre.
-A escolha do nome
No
primeiro encontro dos 09 (nove) rapazes foi discutido o nome que esta nova
organização deveria ter. Frank S. Land falou então sobre muitos nomes famosos
da história mundial, contudo, nenhum os sensibilizou. Clyde Stream sugeriu, por
estarem reunidos num Templo Maçônico, soubessem algo a respeito de figuras
históricas ligadas à Maçonaria.
Land começou a falar, dentre outros, sobre
JACQUES DeMOLAY. Eles ouviram a história do último Grão-Mestre da Ordem dos
Cavaleiros dos Templários que, ao ser queimado vivo em 18 de março de 1314, se
tornou um mártir e exemplo de heroísmo, lealdade, coragem, fidelidade e
tolerância. Os 09 (nove) rapazes decidiram, unanimamente, dar o nome de DeMolay
ao grupo que ora nascia.
Entretanto, Frank S. Land os aconselhou a não agir precipitadamente,
que pensassem um pouco mais e analisassem também os outros nomes apresentados
e, assim, a decisão ficaria para o próximo encontro. Quando os 31 jovens vieram
à segunda reunião resolveram, definitivamente, que o nome da organização seria “CONSELHO
DeMOLAY”.
Dia 24 de março de 1919, segunda-feira, 19:30h. Data
precisa do histórico encontro, o segundo, que pode ser considerado como o
verdadeiro início da ORDEM DeMOLAY. Antes de começar, Frank S. Land olhava
calmamente para os 31 (trinta e um) rapazes reunidos dentro do Templo do Rito
Escocês e via, através deles, o futuro da juventude mundial.
Nesta
mesma reunião o primeiro DeMolay prestou seu compromisso ao novo grupo, seus
integrantes e à Frank S. Land. Ajoelhado sobre os ambos joelhos e com as duas
mãos sobre a Bíblia Sagrada, que pertencia à Land (ele quando ainda jovem
participava, na cidade de Saint Louis, da escola dominical), Louis Lower
prestou seu juramento. Ao redor estavam os 31 rapazes e à sua frente Frank
Land.
Em seguida, os outros oito fundadores repetiram o
gesto.
AUTOR:
Victor Hugo Soares Pereira
Capítulo Nova Friburgo Nº 138
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